segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Um pouco de história...

Quem se recorda e, penso eu, que ainda será do tempo da grande maioria dos proprietários e moradores actuais deste bairro, lembro-me, que moro aqui à quase 30 anos neste bairro , era um caos para se conseguir chegar a este lugarejo, o caminho de acesso principal era em terra batida e muito degradado, até as cabras se negavam a percorre-lo...

Quando a estrada de principal acesso, que vinha do Algueirão, foi devidamente pavimentada foi um grande passo para o crescimento do bairro e para a sua afirmaçao perante as povoações vizinhas, mas ainda tinhamos o bairro num estado de grande debilidade, todos os acessos no interior do bairro eram em terra batida e cheios de buracos,  iam sendo remendados, de quando em vez pelos próprios proprietários da época a que isto remonta, os tempos foram evoluindo, e deu-se o que se pensava ser um milagre e a resolução de todos os problemas que existiam neste bairro dito clandestino. 


 Era este o momento de se começar a mobilizar os proprietários e a angariar dinheiro, para se poder fazer algo mais, e em conjunto, entre todos, trabalhava-se para se ter melhores condições de habitabilidade no Bairro das Raposeiras, foi uma época de grande união, todos tinham um interesse em comum, mas faltava quase tudo, desde o saneamento básico, aos arruamentos devidamente delineados e pavimentados, etc...

Não vou pormenorizar todas as situações que tenho conhecimento, pois não creio que sejam muito importantes para atingir o objectivo final, de tanta ou tão pouca história. Importante é, que num determinado momento, surge a possibilidade de se realizar todas essas obras em colaboração com a Camara Local, a de Sintra, nesse momento o bairro, com uma comissão de proprietários, é obrigada a criar uma associação de proprietários, por imposição da Camara, pois iamos fazer parte de um projecto de requalificação de bairros e zonas clandestinas do Conselho de Sintra, foi com essa finalidade que foi criada a lei das AUGI (Áreas Urbanas de Génese Ilegal), a associação ia passar a responsabilizar-se por receber 70 % das verbas da obra, verba essa a ser paga pelos proprietários do bairro e os restantes 30 %, comparticipados pela Camara, ou seja por todos os municipes deste conselho.

Ao analizar esta última parte da história, fico triste e até um pouco revoltado, primeiro porque na realidade não tinhamos direito a esta ajuda, eramos clandestinos, se fosse como manda a lei, vinha abaixo, uns pagaram tudo, compraram terrenos pelo justo valor noutros locais, pagaram contribuições e não são ajudados, outros são ajudados porquê??!!!!!
Tinha que ser assim, porque iria ficar mal perante aquilo que um Parlamento Europeu traçou para podermos fazer parte de uma dita Comunidade Europeia. A verdade é que muitos apenas adquiriram terrenos aqui, porque era barato, embora clandestino, deviam saber onde é que se estavam a meter, certo é que, mais tarde, com uma lata tremenda ainda reclamavam que não tinham condições, só visto, se vivessemos num pais justo e como deve de ser, seria tudo demolido e ainda eram multados por não terem cumprido a lei, que vigorava naquela altura, mas em vez disso, criaram-se leis para ajudar os que não cumprem, os fora da lei, VIVA A UNIÃO EUROPEIA, O PROGRESSO E JÁ AGORA O NOSSO DESGOVERNO...

Criou-se a oportunidade de se requalificar, a fim de se ter um Portugal melhor, que possa fazer parte da dita Europa das igualdades. Toda uma serie de zonas urbanas, vão ser legalizadas ou requalificadas, com verbas do municipio (30%), pertencentes aos municipes deste concelho, e claro com dinheiro dos proprietários que ainda reclamam, por terem de pagar 70% da obra, para ficarem legais, e com o seu património valorizado, pena é, que alguns ainda não pagaram e acham-se os maiores, os chamados "xicos espertos", que continuam a safar-se, até um dia. Mas na realidade o que foi feito no nosso bairro e noutros, foi mesmo um milagre, embora esse milagre tenha sido mal aproveitado, inclusivé fez com que deixasse de haver união entre os proprietários deste bairro, surgiram entretanto vários oportunismos, um deles, o mais conhecido e relevante, o da especulação imobiliária, esse sim foi bem aproveitado, pois de alguma maneira se tem de ganhar a vida, isso não foi muito grave...

A gravidade reside actualmente, na despreocupação geral, sobre o estado de um bairro que após tanta luta, esforço e dedicação, é de louvar, a entrega dos Homens daquela altura, os mesmos que lhe viraram as costas após o suposto objectivo ter sido alcançado, o que não corresponde à realidade, como vamos ver mais à frente, nesta curta história real que vos escrevo, a verdade é que o bairro foi mal parido e ainda nem sequer foi recebido pela sua progenitora (Camara Municipal de Sintra), a quem aparentemente não dá jeito ou não quer saber deste seu filho, sendo incorrecto e até ilegal, quando já se passaram 10 anos, após a suposto parto dificil da.obra de requalificação do bairro, conclusão, continuamos clandestinos.


Os proprietários têm o direito e a obrigação de reclamar,  sendo também um dever dos orgãos que têm poder nesta "républica das bananas", a Camara, de o receber, o seu filho, que já fez 10 anos, para mais que não seja, para ficar bem aos olhos da dita Europa a que pertencemos.

O porquê de existir....

A verdade sentida, nua e crua, representa por vezes a provocação de movimentos inesperados, como a criação deste Blog, que não visa atacar, ou culpar ninguem, mas sim fazer constatar a realidade actual de um Bairro, que merecia por parte dos seus moradores e proprietários, um pouco mais de brio, orgulho e empenho na resolução de problemas existentes, que já nos incomodam há uma serie de anos.

Na verdade o que me levou a criar este espaço na internet, foi a inexistencia de um até hoje e, por outro lado, por ser uma forma de reivindicar e dar conhecimento a todas as pessoas sobre o que se passa no Bairro das Raposeiras e povoações vizinhas.


Sempre a pensar no bem estar desta comunidade, daqueles que moram e frequentam o bairro, temos que tentar resolver os problemas que nos afectam directa ou indirectamente, é preciso arranjar soluções, pressionar aqueles que têm o poder/dever de os resolver, nada como dar o nosso contributo, através da publicação de factos reais, incomodativos ou não, que são discutidos aqui e ali, mas que nunca chegam ao destinatário certo.


É necessário dar conhecimento a todos que não andamos adormecidos no tempo, que existem deveres e direitos a serem cumpridos e, que aqueles que têm deveres para connosco, não os têm cumprido.

Acredito que este Blog seja visto por muitos, com uma enorme satisfação, por outros nem por isso, mas na realidade não se pode agradar a Gregos e a Troianos ao mesmo tempo.